quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Merry Cookies.

Esta receita não podia vir em melhor ocasião.
Numa época em que tudo é forte e intenso, e supostamente nos faz mal, mas nos sabe sempre tão bem.
Estas bolachas são as bolachas de chocolate por excelência  São ricas, são crocantes, são doces sem ser enjoativas e acima de tudo  são viciantes. São como um Natal precoce ao coração porque nos fazem sentir que afinal  a vida não é assim tão má.
A receita foi-me mostrada por uma amiga muito querida, e talvez por isso também, as aprecie tanto. Porque me recordam que as coisas boas da vida devem ser partilhadas.
E o Natal é o tempo de partilha, de dádiva, ou de simplesmente ficar sentados à lareira a apreciar o silêncio e a comer uma bolacha ( ou um tabuleiro delas) com uma caneca fumegante de chá.

~Cookies~

Ingredientes:
- 1 e 1/3 de chávena de farinha peneirada
- 1 colher de chá de fermento em pó
- 1 colher de chá de bicarbonato de sódio
-1/2 colher de chá de sal fino
- 1 chávena de flocos de aveia
-3/4 de chávena de chocolate de leite partido em pedaços pequenos (quadrados)
-1/2 chávena de chocolate branco partido em pedaços pequenos (quadrados)
-1/2 chávena de açúcar mascavado
-1/2  chávena de açúcar branco
-1/2 chávena de avelãs partidas ( pode substituir por nozes ou amêndoa)
- 2 ovos médios
-1/2 chávena de manteiga cortada em cubos (ligeiramente derretida no microondas)
- 1 colher de chá de extracto de baunilha

Preparação:
Misturar bem todos os ingredientes secos ( farinha, açucares, sal, fermento, bicarbonato, flocos de aveia, chocolate e avelãs).
Adicionar os ingredientes líquidos (ovos, baunilha e a manteiga). Envolver bem  com as mãos até todos os ingredientes estarem misturados.
Formar uma bola com a massa, envolver em película e colocar no frigorífico de preferência de um dia para o outro. Se não for possível no mínimo 2 horas.
Pode usar a massa feita na hora, mas quanto mais tempo estiver no frio mais os sabores se irão intensificar e mais crocantes as bolachas ficarão.
Com a massa fazer bolas pequenas e dispô-las sobre um tabuleiro forrado com papel vegetal. Deixar algum espaço entre as bolinhas pois elas irão crescer e espalmar-se um pouco para assumir a forma de bolacha.
Levar ao forno pré-aquecido a 170º por 15 minutos.

Deliciem-se!



Natal.

Regressei. Cansada, quase atrasada.
Regressei directa para a cozinha. Ao Bolo Rei, às broinhas doces com as suas frutas sumarentas,às bolachinhas, às filhoses e fatias douradas, ao mel a escorrer dos dedos, ao açúcar, canela e baunilha... aos pudins cremosos, suaves, perfumados.
Regressei para ouvir o azeite a borbulhar, as batatas a crepitar ansiosas.
Regressei para as gargalhadas, para os beijos lambuzados, para os abraços sem ocasião. Regressei e era Natal.
Não há nada que seja mais doce, mais terno, mais amoroso ao meu coração que o Natal.
Porque o Natal lembra-me que eu devo ser grata todos os dias.
E que devo ser feliz, estupidamente feliz!
Todos os dias que me dão a graça de viver!

~Feliz Natal~

Brownies de avelãs e nozes da Justine ( com o meu toque):

Ingredientes:
-300 gr de manteiga amolecida
-2 chávenas de açucar amarelo
-4 ovos
-1 chávena de farinha peneirada
-1 chavena de cacau em pó peneirada
-1 tablete de chocolate de leite 
- meia chavena de nozes e avelãs partidas aos pedaços
-1colher de chá de flocos de sal ( opcional)
-4 colheres de sopa de água a ferver
-1 colher de essência de baunilha
-manteiga q.b para barrar

Preparação:
Aquecer o forno a 170º.
Forrar um tabuleiro rectangular com papel vegetal e barrar com manteiga.
Bater a manteiga com o açúcar amarelo até obter um creme suave e fofo. Adicionar os ovos 1 a 1, batendo sempre.
Adicionar o cacau e a farinha peneirados. Juntar o sal.
Colocar a água  e o chocolate partido em pedaços numa taça e levar ao microondas até derreter .Envolver na mistura juntamente com os frutos secos.
Deitar no tabuleiro de modo a que a massa fique uniformemente espalhada. Levar ao forno por 30 minutos.
Retirar e deixar arrefecer. Tirar com cuidado o papel vegetal e dispor numa mesa. Cortar em quadrados e servir.

Pode variar nos frutos secos, pode adicionar pedaços de caramelos partidos em pedaços, M&M´s, pepitas de chocolate ou até mesmo fruta.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Regressarei.

A ausência não é sinal de esquecimento.
Às vezes as palavras ficam suspensas,  entre os fios de luz, para que o coração possa acordar a bater as asas.
A cozinha anda mais calma. Os frutos tem de se amadurecer antes de serem colhidos.
Ando com as mãos recolhidas. Mas a vontade não cessa e se pudesse ia agora mesmo enfarinhar tudo e encher todos os cantos de açúcar e canela.
Mas a vida às vezes chama-nos para um outro lado, mais responsável, e obriga-nos a deixar os nossos pequenos prazeres de lado... por um tempo.
Mas eu sei que regressarei, a essa minha outra casa, onde posso criar e explorar e ausentar-me deste mundo caótico.
Regressarei em breve, com os cheiros do Natal agarrados a mim... às memórias, à história que tenho escrito ao longo dos anos que me lembro de viver.
Regressarei aos colos, aos abraços, aos afagos, dos que ainda persistem ao meu lado e dos que já partiram, mas que regressarão também eles, a acender lareiras,  a espalhar gargalhadas, a embalar olhares com amor e entendimento.
Regressarei. 
E regressarão também as minhas experiências culinárias.
Regressarei. Um pouco mais tarde. 
A tempo, isso sim, de te abraçar com força e te beijar a face.
Como faço em silêncio, todos os dias.
Até breve.



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Como voltar a casa: as palavras. (Anzac cookies)

Sou feita de palavras. Mais do que qualquer outra coisa, sou feita dessa coisa, ás vezes simples, ás vezes complexa, que são as palavras.
Feita desse material que constrói,  que destrói  que justifica, que desmistifica, que envolve, que embala, que esbofeteia,  que motiva, que assusta, que incentiva, que arrasa, que humilha, que glorifica, que cria beleza, que inicia guerras, que sempre existiu e sempre existirá.
Tenho em mim um rio de pensamentos, de entendimentos, de sonhos que não sei de onde vêm e para onde vão.
Mas tal como em mim há um chão de palavras, há um céu de silêncio. E sou desta forma estranha, incompreendida por mim mesma, desentendida, insatisfeita.
Queria muito deixar-vos uma receita. Uma receita que vos fizesse lembrar a vossa casa.
Uma receita que vos enchesse de alegria. Mas não me sinto alegre, a esse estado de felicidade que nos faz sorrir desparatadamente.
Tenho o coração apertado, envolvido em memórias, em medos, em réstias de coragem.
Tenho o meu coração a querer dançar, expressamente, a desejar mostrar-se.
Se ao menos o meu peito abrisse.
Queria deixar-vos uma receita. Mas nenhuma se encaixa aqui hoje, a não ser uma que me lembra a saudade, a partida e a esperança do regresso.
A receita que murmura amor, dedicação e casa.
Que murmura simplicidade.
Hoje não sou muito mais que isso. Isso e palavras.


Anzac Cookies

As bolachas Anzac eram preparada pelas famílias dos soldados da Austrália e da Nova Zelândia que combatiam nas trincheiras durante a I Guerra Mundial. Eram depois embaladas em latas e enviadas às tropas juntamente com a restante ração de combate. Na sua composição não levam ovos, pelo que se mantinham saborosas e crocantes por mais tempo. Eram um gesto doce de ternura e preocupação  a lembrar àqueles soldados que havia alguém que velava e que esperava por eles. Em casa.

Ingredientes:
-1 chávena de farinha com fermento
-1 chávena de coco ralado
-1 chávena de flocos de aveia
-3/4 de chávena açúcar mascavado ( também pode usar açúcar amarelo)
-125g de manteiga
-2 colheres de sopa de mel (Golden Syrup na receita original)
-½ colher de chá de bicarbonato de sódio
-2 colheres de sopa de água a ferver

Preparação:
Numa taça misture a farinha com o coco ralado, o açúcar e os flocos de aveia. Num tacho coloque a manteiga e o mel e leve ao lume até a manteiga derreter. Dissolva o bicarbonato de sódio na água a ferver e junte este liquido ao preparado  do mel com a manteiga após esta estar derretida e envolvida no mel.
Junte a mistura de manteiga, mel e bicarbonato de sódio aos  ingredientes secos e envolva bem usando de preferência as mãos..
Molde bolinhas do tamanho de nozes e coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal devidamente separadas. Pressione-as depois com a mão ou com uma colher  e leve a forno pré- aquecido a 170/180º cerca de 15 minutos até ficarem douradas.
Deixe arrefecer e guarde numa taça ou lata devidamente fechada.


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

o dia da saudade.

Um dia a minha mão coube dentro da tua avó.
Um dia os meus sonhos pareceram-me tão perto que temi estender a mão e tocá-los.
Um dia corri expectante para a caixa do correio. Chegaria?
Um dia quis entendi grande parte das coisas que amo.
Um dia chorei a tua partida.
Acendi velas. Escrevi eu as minhas cartas e os meus segredos.
Pintei na pele as memórias que ainda tinha, com medo de as esquecer.
Um dia sonhei África e um futuro diferente.
Essa chama ainda ninguém apagou.
Um dia fui semente aconchegada nas tuas mãos.
Princesa e menina sentada ao teu colo.
Hoje sou mulher. Ás vezes desfeita.
Sempre insatisfeita.
Reflexo de ti.


Scones
(porque me aconchegam o coração e me lembram as mãos da minha avó)

Ingredientes( 8 Scones)
-280 gr de farinha fina
-1 colher de sobremesa de fermento
- 5 colheres de sopa de açúcar em pó
-meia colher se sobremesa de sal fino
-65 gr de manteiga à temperatura ambiente
-1 ovo
-125ml de leite


Preparação:
Pré-aqueça o forno a 200º. Peneire a farinha para uma taça, junte-lhe o sal, o fermento e o açúcar.
Adicione a manteiga partida aos cubos e amasse até a massa ficar granulosa.
Meça e verta o leite para outra taça, junte-lhe o ovo e bata até que fiquem misturados.
Adicione esta mistura aos ingredientes secos e amasse de modo a formar uma massa suave e consistente mas não seca.
Transfira para uma superfície polvilhada com farinha e estenda a massa com um rolo até esta ficar aproximadamente com a espessura de 2 cm. corte círculos com um cortador de bolachas e transfira para um tabuleiro forrado com papel vegetal.
Leve ao forno a cozer por 12-15 min.
Sirva com compota, manteiga, mel... o que melhor lhe agradar ou mesmo simples.
Os scones são sempre melhores quando mornos, por isso se possível aqueça-os sempre na altura de servir.





sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lar.


"Season of mists and mellow fruitfulness,
Close bosom-friend of the maturing sun;
Conspiring with him how to load and bless
With fruit the vines that round the thatch-eves run;
To bend with apples the moss'd cottage-trees,
And fill all fruit with ripeness to the core;
To swell the gourd, and plump the hazel shells
With a sweet kernel; to set budding more,
And still more, later flowers for the bees,
Until they think warm days will never cease,
For Summer has o'er-brimm'd their clammy cells."


To Autumn : John Keats 1795-1821


Casa. Lar.
É onde descansa o nosso coração. Onde tudo é familiar, aconchego, segurança.
Lar é onde as nossas asas podem ser estendidas e os nossos pensamentos entendidos.
Lar são os cheiros reconhecidos. Canela. Noz moscada. Chocolate. Café. Fumo.
Lar são os dias lentos, embalados em lágrimas ou gargalhadas, que conhecemos do lado direito e do lado do avesso.
São os gestos com que contamos, são os que descobrimos com os anos. É a necessidade de regressarmos a nós mesmos. De sermos nós mesmos, na nossa forma mais simples e mais original.
Lar. Lar é entregar o coração a alguém e sentir paz.
é o roçar de saias, o arrastar de pés, o murmurar de segredos, a partilha de memórias já meias apagadas, já meia inventadas... outras totalmente sonhadas.
Lar é regressar todas as vezes como se nunca se tivesse partido.
Para mim lar sou eu e a minha mãe na cozinha a conversar sobre tudo, sobre nada, ou só em silêncio, entre gestos ritmados e já comuns entre nós.
Lar é o conforto do forno quente, são os cheiros a desprender-se das coisas acabadas de cozinhar.
Lar é a felicidade estampada no rosto de quem descobre o prazer de preparar e saborear um pedaço de pão.
Lar é esperar, é ansiar, é desejar mais.
Lar fomos nós esta semana, crianças rebeldes, enfarinhadas, de volta de seis deliciosas pizzas.
Ou embaladas no Outono talhado numa fatia de pão de Brioche e nozes.
Nós zonzas de alegria a cada dentada de pão de Banana.
Não é isto lar? 
Lar é onde está o nosso coração. E parte do meu são os meus amigos. Uma outra parte é cozinhar.


Pão de banana e Iogurte

Ingredientes:
-2 chávenas de farinha
- 1 colher de chá de fermento em pó
-meia colher de chá de sal fino
- meia colher de chá de bicarbonato de sódio
-1/4 de manteiga amolecida
-1 iogurte Natural ( pode ser açucarado, magro ou MG, cremoso ou normal)
-1 chávena de açúcar ( ou 1/2 de açúcar e 1/4 de mel)
-1 colher de sobremesa de canela em pó
-2 Bananas grandes maduras
- 2 ovos
- 1 colher de chá de extracto de Baunilha
- farinha e margarinha qb.

Procedimento:
Pré-aquecer o forno a 180º.
Numa taça grande misture a farinha, o sal, o fermento,o bicarbonato e a canela. reserve.
Noutra taça bata o açúcar com a manteiga até obter um creme homogéneo e claro ( se bater com batedeira eléctrica é cerca de 1 minuto, se bater à mão são cerca de 3 minutos). Adicione ao creme os ovos, um de cada vez, envolvendo bem após cada adição. Num prato esmague as bananas com um garfo até estas ficarem reduzidas a puré. Adicione ao creme de manteiga e mexa. Junte o extracto de baunilha e a mistura dos ingredientes sólidos. Mexa energicamente até que todos os ingredientes estejam misturados.
Barre uma forma de bolo inglês com manteiga e polvilhe com farinha. Deite o preparado na forma e leve a cozer por cerca de uma hora. Deixe arrefecer no forno cerca de dez minutos e só então desenforme.


sábado, 20 de outubro de 2012

rainy days and tea.

Chegaram os dias chuvosos. Os dias ventosos que empurram as folhas caídas contra nós e nos (re)lembram que o frio está para chegar e é hora de apertar botões, aconchegar casacos de malha suave, colocar gorros e sair para viver a vida lá fora.
Está de volta a escola também, com um ritmo ligeiramente diferente este ano, mas não menos frenético ou cansativo.
E com o regresso à escola diminui o meu tempo para escrever mas não para cozinhar. Para já vou tentando cativar a atenção das pessoas para as pequenas coisas que vou fazendo. Tento captar-lhes a atenção com uma caixinha de bolachas acabadas de sair do forno, com uma fatia de pão ainda morno barrado com compota caseira, ou então com os sabores adocicados e frescos de uma pasta italiana.
E aos poucos vou tendo os meus sucessos, o interesse começa a surgir, entre o levantar do pano para espreitar o pão a crescer, entre curiosidade dos ingredientes espalhados e combinados e as conversas tardias, a caminhar, sobre todas as coisas que quero fazer e partilhar com estas pessoas de quem gosto e a quem estimo tanto.
Esta semana tive uma "aprendiz" na cozinha. A semana passada amassei e cozi pão, aqui na casa de Coimbra, e foi desde logo um sucesso tão grande que ficou marcada a tarde do chá. Esta semana decidi repetir a proeza de fazer pão e voilá, eis que a minha mais recente colega de casa, mas colega já de longa data da escola, entrou num turbilhão de alegria e pediu-me para fazer bolachas também. A dada  hora já era farinha por todo o lado, montes de louça para lavar, e aquele nervosismo miudinho que só nos faz rir e que surge da ansiedade, da expectativa e até do receio de as coisas não correrem tão bem. 
Mas uma das coisas que a cozinha tem de bonito é o facto de que, mesmo que as coisas não corram sempre bem, a experiência em si vale o esforço, pela alegria que trás. Foi este o caso. O pão não ficou tão fofo como o da semana passada ( embora eu julgue que foi também por não ter farinha de centeio), as bolachas partiam-se ou ficavam tortas( não tínhamos cortadores), mas os sabores ficaram maravilhosos, a cozinha perfumada, os corações embalados e confortados numa aura de doçura e partilha.
A vida é assim às vezes... simples, da forma que quisermos que ela seja.
A mim sabe-me bem a vida vivida nestes dias. De forma lenta, sem pressas, sem programas, sem horários. Sabe-me bem estes lampejos de felicidade. Sabe-me bem como uma grande caneca de chá fumegante num dia chuvoso ou frio.
Sabe-me bem como comer uma laranja doce e sumarenta ao sol morno, brilhante, sussurrante de promessas... de Janeiro.

Receita para o pão: ( super simples, à moda de principiante)
- Comprar um pacote de farinha Branca de Neve para pão (o primeiro que fiz era de mistura, o segundo de cereais) e seguir as instruções! ( estão a rir-se?!!! Fazer pão mesmo de raiz, só acompanhada para já da senhora minha tia, especialista em pão e afins).

Massa das bolachas:
-125 de manteiga sem sal à temperatura ambiente( pode ser margarina, mas o sabor não é o mesmo!)
-125 gr de açúcar 
-250gr de farinha peneirada
-1 ovo à temperatura ambiente
-1 colher se sobremesa de açúcar baunilhado

Preparação:
Bater bem os açucares com a manteiga até a mistura ficar esbranquiçada.
Adicionar o ovo batendo sempre. adicionar a farinha aos poucos.
Fazer uma bola de massa, envolver em película aderente e levar ao frigorífico pelo menos durante 30 min.
Retirar, estender a massa fininha( cerca de 2/3mm) cortar e transferir para um tabuleiro forrado com papel vegetal. Levar a forno pré-aquecido a 170º e deixar cozer cerca de 8-10 min.
Bon appetit. 



sábado, 29 de setembro de 2012

Panquecas e mudanças.

A vida é feita de mudanças. Dizem.
Este está a ser um ano difícil. Um ano de mudança. Um ano de meios tons e meias formas.
Um ano acompanhado de dor e tristeza. E na minha humilde opinião a dor e a tristeza operam mudança. quando as coisas estão bem dificilmente as queremos mudar. Queremos é agarrá-las ao peito com as duas mãos, prende-las com mil correntes, com mil palavras, com mil gestos e deixar a alegria permanecer.
Este ano foi um ano de teste, de descoberta de mim mesma. Ou pelo menos de uma das partes que eu ainda desconhecia.
Foi um ano de correr, de esperar, de orar e de em vez da alegria prender a fé e a esperança.
A vida é feita de mudanças. dizem. Mudaremos de facto? ou apenas vamos descobrindo parte de nós, como se fossemos gomos de uma laranja que vamos experimentando aos poucos? Um gomo de cada vez... uns mais doces... outros mais ácidos... uns mais secos... outros mais suaves e ricos...
Não há receita para descobrir. É um teste de invenção, e só podemos escolher se queremos ou não arriscar e ser criativos.
A vida é feita de mudanças. Dizem. 
E eu digo " se em dia mudar e me esquecer de para onde vou, terei sempre a infância aonde voltar. Essa criança que eu fui jamais mudará".

Esta semana fiz bolachas e doce de abóbora com nozes.
Apenas vou deixar a receita da compota. A das bolachas é suspeita. É inventada na altura. Tenho uma receita "padrão", mas depois deixo a criatividade fluir e mal não há-de sair.
Deixo aqui contudo a minha receita de panquecas. Simples, básicas, mas um aconchego ao coração nestes dias que já se mostram suficientemente frios para calcar meias quentinhas, acender a lareira e fazer um bule de chá.

Doce de abóbora e noz e panquecas simples

Doce de abóbora:
A abobora que usámos ( eu e a minha tia) não era abobora normal, mas nenhuma de nós sabe a qualidade de abóbora. Não é menina, nem porqueira nem chila. As sementes foram-nos dadas por uma amiga.
Se algum dia souber partilho. Contudo esta qualidade de abóbora não é para cortar, mas antes tem de ser " desfiada" com um garfo ainda crua.

Ingredientes:
-4kg de abóbora desfiada
-1 kg de açúcar ( nós usamos amarelo da RAR)
-2 paus de canela
-Nozes partidas ( a quantidade varia consoante o gosto, nós pusemos cerca de 400 gr)

Preparação
Num tacho colocar a abóbora desfiada, os paus de canela  e o açúcar e deixar a marinar se possível algumas horas.
Ligar o lume e deixar ferver em lume brando, mexendo ocasionalmente até obter ponto estrada. Com este tipo de abóbora é um pouco difícil identificar este ponto, mas pela consistência do doce consegue deduzir-se se já está pronto.
quando estiver quase pronto ( com uma consistência já pastosa, mas fluída  adiciona-se as nozes, mexe-se para envolver bem e retira-se do lume.
Deixa-se arrefecer um pouco e de seguida transfere-se o doce para frascos de vidro herméticos e deixa-se arrefecer.
Se fizer muitos frascos pode congelar. Aguenta vários meses no frigorífico.

Panquecas:

Ingredientes:
1 chávena de chá de farinha ( normalmente uso com fermento)
1 chávena de chá de leite
1 pitada de sal
2 colheres de sobremesa de açúcar
1 ovo
sumo e raspa de meio limão ou meia laranja
óleo q.b.
1 colher de chá de essência de baunilha

Preparação:
Misture os ingredientes secos e de seguida adicione o leite, o sumo e raspa da laranja, o ovo e a essência  Mexa bem de modo a obter uma massa cremosa e homogénea
Pincele uma frigideira com óleo e leve ao lume( pode usar também um pouco de manteiga. Eu  uso óleo apenas na primeira panqueca).
Quando a frigideira estiver quente, com uma concha da sopa deite uma pequena quantidade de massa  no centro.
Quando a massa começar a ficar cheia de "bolhinhas" indica que é hora de virar. O que deve fazer com uma espátula. Repita o processo até ficar sem massa.
São tão simples de fazer e casam tão bem com as mudanças:
Pode fazer variações na massa. Já fiz panquecas de chocolate e panquecas com metade da quantidade de farinha substituída por aveia moída ou farinha de centeio.
Pode adicionar canela, mudar as essências,  pode mesmo adicionar frutos secos ou frescos como amoras, mirtilos, framboesas.
Pode servir simples, acompanhado de chantilly, compota, gelado, chocolate derretido, açúcar em pó ou mesmo fruta e iogurte.

A vida é feita de mudanças. Dizem. Não sei... mas as panquecas certamente podem ser!



domingo, 23 de setembro de 2012

Chocolate e caramelo salgado: Uma Ode ao meu avô e ao Outono que ele me ensinou.

Há uma música que me lembra o Outono. Abigail, dos Streams, tocada pela Irish Film Oschertra.
Um dia se tiver uma filha hei-de-lhe chamar Abigail. E hei-de mostrar-lhe esta música dos Streams.
Espero apenas que ela goste tanto do Outono como eu e encontre nele tanto significado como eu encontro.
O outono lembra-me o meu avô. Lembra-me a minha infância.Lembra-me o que me parece ser já uma vida inteira. 
Uma vida feita de tantas coisas, tantas coisas de dentro, do coração. Mais do que físicas. São tantas as memórias, as recordações de outros tempos, de outros lugares, de outras pessoas. Dos meus avós.
Sinto uma saudade indizível deles. Tenho sempre presente uma terna lembrança, um ensinamento, um gesto.
Sinto que sou o reflexo de muito do que eles foram. Sinto que trago em mim ainda uma parte da vida que eles não puderam viver.
E um dia quando tiver uma filha, além de todas as coisas é deles também que lhe hei-de falar. Porque ver o mundo como eu o vejo e sentir o mundo como eu o sinto, é uma herança infantil, daquilo que eles souberam fazer de mim e comigo.

O meu avô adorava doces. Este fiz por ele.

Tarte de chocolate e caramelo "salgado" (Chocolat Salted Caramel Tart) do Vincent Gadan)

Ingredientes( eu dobrei as quantidades originais, visto que fiz uma tarte grande):

Massa (Massa de pão doce)
180g de manteiga sem sal
100g de açúcar refinado
1 pitada de sal
1vagem de baunilha
2 ovos
40g farinha de amêndoa
320g de farinha de trigo

Caramelo salgado
230 g de açúcar refinado
45g de glicose( que não usei)
200ml de natas
10 g de sal( daria 15 gr, mas achei muito)
40g de manteiga
-nozes partidas (pode usar amendoim ou amêndoa)

Ganache de chocolate
200ml de natas
100g de chocolate amargo picado
100g de chocolate ao leite picado
40g de manteiga

Procedimento:
Massa doce
Bata a manteiga, o açúcar e o sal uma tigela com os dedos ou com uma colher de pau até obter um creme suave e homogéneo. Adicione as sementes da vagem de baunilha e mexa novamente para incorporar bem. Junte os ovos,envolvendo sempre e se seguida o miolo de amêndoa e a farinha e misture até formar uma massa.
Envolver a massa em película, alisar um pouco e levar ao frigorífico para descansar cerca de 2 horas.Após este tempo, retire a massa do frigorífico, polvilhe uma superficio com farinha, bem como a massa e estenda usando um rolo.Quando estiver um a espessura desejada pique a massa com um garfo e transfira-a para uma tarteira com fundo amovível. Ajuste a massa e passe o rolo para retirar os excessos. Levar ao frio por mais 1 hora( eu apenas levei meia) e de seguida deixe cozer durante 20-25 minutos no forno a 160º até a massa ficar dourada( não é castanha, mas dourada =) ).Retire e deixe arrefecer.
Caramelo Salgado
Coloque o açúcar numa panela e leve ao lume em fogo médio e cozinhe, mexendo sempre até que o açúcar se dissolvam e fiquem com uma tonalidade dourada e sem grumos. Retire do lume e junte as natas fervidas,  ( para o açúcar não aglomerar) mexendo sempre. Vai formar fumo e espuma, mas não se assuste, é normal. De seguida junte o sal e a manteiga e envolva. A mistura há-de ficar de um tom castanho claro, cremosa e com consistência não muito forte. Leve ao frigorífico para arrefecer um pouco e a espessura ficar mais consistente.
Quando estiver frio, cubra o fundo da tarte com o caramelo e por cima espalhe as nozes.
Ganache
Para o ganache, aqueça as natas numa panela e quando estiver quase a ferver retire e adicione o chocolate mexendo para que este derreta. Adicione a manteiga e misture bem para obter um creme liso e homogéneo. Cubra a tarte até ao topo com o ganache e leve ao frio para que este solidifique um pouco. retire do frio cerca de 15 min. antes de servir para que ao cortar o caramelo possa correr um pouco.
É deliciosa e rica nos sabores.Tal como era o meu avô e a minha infância.


domingo, 16 de setembro de 2012

amor à primeira vista.

Domingo à tarde.
Domingo soalheiro de inicio, mas agora escurecido, esbatido. Será que vai chover? quem dera.
Seria poesia a beijar a terra seca. O outono não tarda a chegar. Eu sinto. O vento murmura. O céu nocturno proclama.
É domingo à tarde. Domingo suave, sem pressas, sem preocupações. Domingo de apreciar.De não fazer muito. De ficar quieta a pensar, a sonhar, a ver um filme que já vi mil vezes na televisão. Quando somos provados das coisas aprendemos a dar-lhe valor.
Nada me dá mais prazer do que ficar um domingo de vez em quando pasmada em frente à televisão( da qual não sou grande fã na verdade) a ver um filme antigo da minha infância ou inicio de juventude.
Hoje foi um domingo assim, compassado, cansado, preguiçoso, a espreguiçar no sofá.
Contudo estava a roer-me toda para vir aqui deixar a receita dos meus primeiros cupcakes, que mesmo sendo os primeiros e portanto imperfeitos, saíram muito melhor de aspecto do que eu estava à espera e fantásticos de sabor.
Como explicar a sensação? ver uma fornada de pequenos e simples queques sair do forno mornos e cheirosos e com delicadeza e carinho, de quem se apaixona à primeira vista, fazer-lhe pequeninos carapucinhos adocicados para os proteger, e cobri-los com uma chuva amorosa de cacau e açúcar em pó.

Cupcakes de cenoura e laranja com cobertura  e recheio de chocolate & Cupcakes de cenoura e chocolate com cobertura e recheio de creme de manteiga 

Ingredientes( +/- 25 cupcakes):
Massa dos queques ( ambos os queques)
-500 gr de cenouras descascadas
-200 gr de farinha fina
-180gr de açúcar
-30 gr de manteiga amolecida
-3 ovos
-1 laranja
-2 colher se sobremesa de óleo
-1 colher se chá de fermento em pó
- 1 chávena de cacau em pó

Cobertura de creme de manteiga:
-100 gr de manteiga a temperatura ambiente
-250gr de açucar em pó( pode ser necessário mais)
-45ml de leite
-1 colher de chá de essência de baunilha

Cobertura de chocolate:
-200 gr de chocolate amargo
-chávena e meia de açúcar
- 2 colheres de sopa de leite condensado
-65gr de manteiga a temperatura ambiente
-3 colheres de sopa de natas

Preparação(massa):
Cortar as cenouras em pedaços e colocar num tacho com água. Levar ao lume e deixar cozer cerca de meia hora. Escorrer e reduzir a puré.
Ligar o forno a 180º.
Bater a manteiga com o açúcar, até obter um creme esbranquiçado e homogéneo. Juntar os ovos um a um batendo sempre.
Adicionar o sumo e a raspa da laranja, a cenoura, a farinha e o fermento. Incorporar bem.
Dividir a massa em duas partes iguais.
A uma das partes adicionar o óleo e o cacau em pó ( se a massa ficar muito espessa pode adicionar mais um pouco de sumo de laranja, intensificando assim o sabor).
Colocar num tabuleiro as formas e enchê-las com massa até 3/4 da totalidade. Eu usei formas de silicone, de forma de não precisei de barrar com manteiga. Se não tiver destas formas barre as suas com manteiga.
Levar ao forno cerca de 20/22 min. até o palito sair sem massa agarrada.
Deixe arrefecer no forno.
Retire e coloque os queques em forminhas de papel.
Enquanto os queques estão no forno pode preparar os cremes.
Creme de manteiga: numa taça bater a manteiga e aos poucos adicionar metade do açúcar. Bater 3 minutos. Juntar o restante açúcar, a essência de baunilha e o leite e bater mais 3 minutos. Verificar se está consistente. Se for necessário junte mais açúcar e bata.O creme deve ficar brilhante e suave, sem grumos, sem granulos e com consistência forte.
Creme de chocolate: Partir o chocolate em pedaços, colocá-lo numa taça e levar a derreter em banho Maria. Adicionar o açúcar  e envolver, a manteiga e por fim as natas.
Com um cortador em tubo de cerca de 1cm de largura fazer pequenos buracos nos queques e retirar a massa. Colocar os cremes em sacos de pasteleiro separados. Recheie os queques de cenoura com o creme de chocolate, preenchendo bem o interior e o topo e os de chocolate com o creme de manteiga. Leve ao frigorífico até à hora de servir.
Nos cupcakes de chocolate peneire cacau em pó e nos de cenoura e chocolate, açúcar em pó e sirva.
Bom resto de fim de semana a todos.



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Os dias de Setembro.

"September days have the warmth of summer in their briefer hours,
But in their lengthening evenings a prophetic breath of autumn.
The cricket chirps in the noontide, making the most of what remains of his brief life.
The bumblebee is busy among the clover blossoms of the aftermath,
And their shrill and dreamy hum hold the outdoor world above the voices of the song birds,
Now silent or departed."

- September Days : Rowland E. Robinson, Vermont

Os dias de Setembro são os dias a tentar ser mornos, temperados de sol e de chuva. Os dias a querer ficar mais pequenos, mais aconchegantes. Os dias a clamar por chávenas de chá doces, marmeladas e compotas em grossas fatias de pão fresco e quente acabado de cozer.
Os dias de brisa mais fria ao amanhecer e de terna suavidade ao anoitecer. Os dias de Setembro são dias generosos de aniversários, de transformação, de quietude e reviravolta. Voltam as aulas... regressa-se ao trabalho, refazem-se projectos, iniciam-se carreiras. Os dias de Setembro são únicos. São dias pintados a ouro e a purpura. Dias poéticos, inspirados... para mim silenciosos e melancólicos.
Os dias de Setembro são o clamar apaixonado pelo Outono, pelas lareiras acesas, pelos casacos de lã e pelos passeios ao relento perfumado da noite. Para mim ainda não há nenhuma estação como o Outono. O Outono é lirismo, é secreto, é aconchegante, é dourado, rico, é infância a regressar, é luz acesa, e cheiro no ar. Como explicar? é um estado de alma permanente que posso contemplar durante um curto e precioso espaço de tempo do ano. São as colheitas, a  harmonia nos gestos do apanhar da fruta madura, são os risos e a partilha... são os fornos de lenha a voltarem a reacender, as compotas a ferver, os molhos a borbulhar, as cafeteiras de café quente sempre a ficarem vazias. Outono é chocolate e laranja... são figos maduros... são castanhas assadas. Outono são sonhos leves, sempre aconchegantes, sempre ternos ao meu coração.
Tenho portanto andado dançante entre os tachos e o fogão, mas a marinar as palavras e as ideias.
Nestes dias em que não escrevi, cozinhei  com afinco... de alma e coração, e entre desgraças e milagres quase tudo se salvou na minha cozinha.
São os doces e simples dias de Setembro, a aquecer-me o coração, a agitar as minhas mãos e a despertar em mim a vontade de fazer mais e mais... e mais.

Torta de laranja e Bolachas de aveia e canela

Torta de laranja

Ingredientes
- 8 ovos
-igual peso dos ovos de açúcar
-3 colheres de sopa de farinha (eu usei com fermento, sendo que usei 2 colheres de farinha e uma de aveia moída)
-sumo e raspa de duas laranjas
-Manteiga e açúcar qb.

Preparação:
Unte um tabuleiro rectangular com manteiga, forre-o com papel  vegetal, aderindo bem e volte a barrar com manteiga. Reserve.
Ligue o forno a 180º.
Pese os ovos para poder pesar o açucar. Bata os ovos com o açúcar até obter um creme esbranquiçado. De seguida junte a farinha, o sumo e raspa das laranjas. Envolva bem até obter um creme homogéneo.
Deite o preparado no tabuleiro e leve ao forno por cerca de 15/20 minutos. Teste com um palito e ver se a massa está cozida.
Retire do forno. Humidifique um pano de cozinha, estenda-o sobre uma superfície fria e polvilhe-o com açúcar (seja generosa). De seguida vire o tabuleiro para cima do pano e com a ajuda de outra pessoa enrole a torta. É necessário que a torta seja enrolada ainda quente, porque a massa está mais moldável. Se seguida deixe repousar a torta envolvida no pano humido, até que esta arrefeça. Na altura de servir retire-a do pano e coloque num prato rectangular e decore a goste.
Antes de enrolar a torta pode barra-la com compota a gosto, ou depois de enrolar pode rega-la com calda.
Pode servir simples, com uma bola de gelado,com natas batidas ou creme custard.

Bolachas de aveia

Ingredientes ( eu faço tudo mais ou menos a olho, adicionando ou não farinha e manteiga de acordo com a consistência da massa)
- cerca de 130 gr de farinha
- 2 ovos
- 100 gr de Aveia moída
- 100 gr. de flocos de aveia qb.
-130 gr de manteiga derretida
- 3 colheres de chá de canela em pó
-130 gr de açúcar

Preparação:
Bater os ovos. Juntar a farinha com o açúcar e a aveia e envolver bem. Junte os ovos e de seguida a manteiga derretida com a canela misturada. Mexer até obter uma bola de massa espessa mas moldável.
Levar ao frigorífico cerca de 10 minutos.
Numa superfície lisa colocar a bola de massa e dividi-la em bolas mais pequenas de modo a melhor poder trabalhar.
Com um rolo da massa estender a mesma até esta ficar com uma espessura de cerca de 3/4 milímetros. Com um cortador ( se não tiver use um copo) cortar pequenos círculos de massa.
Coloque os círculos num tabuleiro forrado com papel vegetal e leve a cozer ao forno a 180º por cerca de 15/20 minutos, verificando a cozedura. Pode virar as bolachas a meio tempo se achar conveniente.
Junte a massa que restou, amasse novamente até ficar uma bola, estenda e corte os círculos. Repita até não restar massa.
Depois de frias pode guardar em taças herméticas. Bem fechadas chegam a durar meses.

Notas importantes: Quando se trabalha com massa, seja massa de pastelaria, seja massa salgada, ou massa para bolachas convém trabalhar a massa com as mãos  e numa superficie de pedra fria (como por exemplo mármore).
Relativamente às bolachas, estas endurecem sempre depois de terem sido retiradas do forno, pelo que se as deixamos cozer muito, ficarão demasiados duras. Eu pessoalmente gosto de bolachas duras e crocantes, mas normalmente as pessoas gostam dela com dureza qb.
A juntar a ambas as receitas uma chávena de chá fumegante e voilá: perfeição!



domingo, 2 de setembro de 2012

um momento de saudade.

Eu adoro fruta...fruta crua, fruta em compota, fruta nos doces e sobremesas.
Gosto da sua doçura, da sua candura, da sua simplicidade.
Estive esta semana fora, mas as mãos e o coração já andavam a fervilhar de ansiedade, pelo momento em que voltaria à cozinha.
Cheguei ontem à noite e não fui capaz de esperar muito tempo.
Não conseguia estar quieta, sentada, deitada, de forma nem jeito algum.
E tinha vontade de fazer apenas uma única coisa: um Strudel de Maçã.
Andava há meses com a ideia... primeiro saiu-me um Crumble com gelado de baunilha (um dia colocarei a receita), e depois comecei a pensar neste meu tão chegado amigo. Massa fofinha e crocante ao mesmo tempo com pedaços de maçã semi-cozida, semi-assada, semi-crua com um toque de açúcar mascavado e canela.
Só de pensar tive arrepios! Gosto. Gosto de como isto me enche a mente de tal forma que já não consigo pensar em mais nada.
Gosto da minha concentração a preparar tudo. Gosto da espera. Da ansiedade do arrefecimento para se poder provar, para se poder sentir o sabor percorrer-me a boca e encher-me o espírito com múltiplos sorrisos, com gargalhadas puras de quem descobre as coisas boas na vida. E saber que para se ser um pouco mais feliz basta ter maçãs, massa simples e um pouco de vontade, é uma chama de esperança do tamanho da imaginação.
A vida é simples, em essência, tal como estas receitas e estes sabores: O problema e que às vezes com tudo o que lhe adicionamos, tentando melhorar ou disfarçar o seu sabor original sabor arruinamos tudo.
Devemos tentar, esforçar-nos ao máximo para desfazer todos os nós, quebrar as correntes e tornar tudo mais claro, mais limpo, mais ligeiro, mais natural e estreito ao coração e à alma.
Talvez resulte.

Strudel de Maça Simples

Ingredientes:
-1 Massa Filo ou uma massa folhada fresca ( eu usei folhada)
- 5 maças grandes ( de preferência da Golden, porque tem tendência a ser mais doce)
- Cerca de 5 colheres de sopa bem cheias de açúcar ( pode usar só mascavado ou mistura de branco e mascavado, ou ainda só branco)
- 2colheres se sobremesa de canela ( a quantidade depende do gosto pessoal pela especiaria, eu particularmente gosto imenso)
- Sumo de 1 limão
- Açúcar em pó.

Procedimento:
Ligar  o forno a 180º. enquanto o forno aquece, descasque as maças, tirando-lhe o caroço e corte em pedaços (não muito grandes). Coloque numa taça e polvilhe com o açúcar, a canela e o sumo de limão envolvendo tudo. Deixe marinar por cerca de 5-8 minutos.
Estenda a massa num tabuleiro forrado com papel vegetal (ou use o que envolve a massa) e espete-a com um garfo para ajudar na cozedura. Coloque os pedaços de maçã no meio da massa e dobre de modo a que as pontas fiquem bem fechadas para que o molho interior não verta.
Leve ao forno por cerca de 30 minutos. Deixe arrefecer, polvilhe com açúcar em pó e sirva. Pode servir simples, com uma chávena de chá ou café, ou juntamente com gelado a seu gosto, como sobremesa.



sábado, 25 de agosto de 2012

(a)corda para a vida: pão fresco e outras coisas.

Hoje de manhã acordei muito cedo. Fiquei quieta na cama à espera que o sono regressasse mas ele já tinha voado até outras paragens, pelo que fiquei deitada apenas o tempo suficiente para aproveitar o morno dos lençóis e repousar um pouco mais o pensamento na almofada.
Depois decidi que devia levantar-me e começar o dia. Os dias começados cedo, são sempre mais longos, mais prazenteiros, mais melosos e aconchegantes. Levantei-me, e assim de cabelo ainda despenteado e cara ensonada fui comprar pão quentinho e leite.
E enquanto regressava a casa para fazer o meu pequeno almoço, o sol que despontava no alto, bateu-me na face, e entre o cheiro da canela que se desprendia do pão, a sua quentura na minha barriga, e o seu sabor na minha boca, dos pedaços já debicados no caminho, eu sorri. Estes momentos de simplicidade pura, de verdade honesta, de cumplicidade com a vida são um aperto doce no coração e a força invisível de que preciso para continuar.
Claro que não é tudo um mar de rosas e esta não é a minha formula mágica para que tudo corra bem ( até porque não correu, e hoje já fiz asneiras, mas isso são outros quinhentos), mas é o pavio necessário para que a minha vela continue a arder.
Não tenho sido a pessoa que quero ser. A pessoa que os meus avós com tanto carinho e esforço criaram, a pessoa que os meus pais esperavam que eu fosse, que eu própria tinha decidido ser.. Sou eu. Sempre complicada, sempre insatisfeita, sempre contraditória e sempre inconstante. Sou eu, rabugenta, às vezes sisuda, às vezes chata... mas eu numa tentativa constante de ser melhor. E sei que ás vezes consigo. Às vezes sinto-me capaz. Sinto que sou melhor. Que estou melhor. Há uma engrenagem qualquer dentro de mim que me leva a perdoar de uma forma que nem eu entendo, que me leva a esquecer o que teima em querer magoar, que me leva a tentar o que já todos tomaram como perdido ou perda de tempo.
Sou eu disposta a ceder, a mudar de sentido, a descompreender para poder compreender. Sou eu disposta a perder todo o sentido e toda a lógica para que mais tarde possa ser capaz de compreender tudo com uma visão mais corajosa e mais positiva.
Sou eu disposta a abdicar, para que depois as coisas possam regressar melhores, mais completas, mais tranquilas.
Hoje não há receitas, não as pode haver sempre. Não há receitas para a vida acima de tudo. Não há conselhos que possam resolver tudo, não há preces milagrosas, nem comprimidos de felicidade. A receita para a vida não se faz com medidas rigorosas, nem com passos ordenados. As coisas acontecem e nós temos de ter simplesmente a coragem de não desistir e de continuar a bater, a moldar, a cortar, a amassar, a esperar, a rechear a vida e as circunstâncias que a circunscrevem o melhor que conseguimos.
Se o fizermos certamente que a nossa receita dará certo, podemos queimar-nos em alguns momentos, perder o controlo noutro, ver tudo perdido, mas se tivermos calma e paciência iremos ver que ás vezes basta ter confiança e acrescentar água, dar tempo à fervura e deixar tudo repousar e arrefecer calmamente.
Hoje não vos trago receitas, ingredientes, procedimentos. Este Blog não é apenas sobre isso. É sobre muito mais: é sobre a vida, a minha vida e o modo como a vivo e como a encaro.
Hoje de manhã, tive aquele lampejo de felicidade, ou de alegria. Tive o ponto certo a remendar o meu coração, a nota certa a compor a melodia desafinada da minha mente, tive a inspiração certa para escrever este texto. E só por isso valeu-me acordar assim tão cedo e começar a viver, tentando, recomeçando, esperando.
Foi um momento simples: pão morno com um toque de canela e leite com café. talvez por não esperar mais, algo tão simples resultou.
Talvez se eu for capaz de deixar tudo fluir, a vida me mostre que afinal não é assim tão complicada ou tão difícil como eu às vezes penso que ela é.
Talvez.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A vida revisitada num ano: Massa Choux com Caramelo


-"Achas que és feliz?"- perguntou.
Ela esperou para responder. Não era uma pergunta fácil. Tinha de ser verdadeira na resposta.
- A vida é como um prato de comida. Tudo depende dos ingredientes que lhe adicionares...pode ser leve e adocicada ou dura e amarga. É tudo uma questão do que sabemos colher, o que colhemos e como o conservamos.
- Para ti está tudo relacionado com a comida?
- Talvez.. não sei... na cozinha há muitas escolhas, muitas indecisões, há mil combinações e caminhos a seguir. Não é fácil. A vida também não o é. Mas depois o resultado final surpreende-te, deleita-te... aquece-te.
-Hum...
- quem não se apaixonou pelas coisas não entende os mistérios que há. Não se trata só da comida... é tudo. Se sou feliz? Sou. Sou feliz a cozinhar, sou feliz a ler.. sou feliz a pintar.. sou feliz a escrever, sou feliz a contemplar e sou feliz por em certos e puros momentos poder ser feliz. Se é felicidade ou gratidão não sei. Acima de tudo quero ter paz, quero poder fazer o que gosto e quero amar. Basta-me."

Escrevi isto o ano passado.
Já fervia a paixão, a vontade, a necessidade de misturar e amassar.
Já sonhava com mesas postas, já saboreava sabores etéreos, já conhecia texturas e formas.
Neste ano que passou, as coisas amadureceram, mudaram. Eu mudei. A tentar saber ainda estou, se amadureci ou se "esverdeei". A vida foi dura este ano, e talvez eu me tenha tornado dura também. E o que fazemos quando a fruta está dura? deixamo-la ao sol uns dias para ela amadurecer lenta e adequadamente. O meu coração precisa de sol. Precisa de ferver em lume brando, entre os cheiros e sabores da canela e do anis. Preciso de luz e paz, de tempo e de calma.
Preciso de acalmar as tempestades, de temperar de novo a minha vida, de me diluir como quem dilui uma compota que ficou demasiado espessa.
Preciso de descansar, de repousar, antes que tenha de enfrentar de novo o forno e ser transformada.
Tem tudo a ver com a cozinha? cada vez mais me convenço que sim, na minha vida tem!
A minha mente, as pontas dos meus dedos, todo o meu coração precisa de coisas belas, de coisas antigas, de coisas brancas, rendadas, abotoadas, douradas do sol, algumas gastas, outras partidas, outras recuperadas, inventadas... coisas preciosas e únicas para mim . Nos meus dias eu preciso de imagens, de música e de sabor.
Quando era garota gostava de brincar com a terra, gostava do cheiro dela quando húmida depois de uma chuvada de Verão, gostava da sensação morna de me deitar sobre a erva e inspirar fundo. Ainda gosto. Ainda sinto. Mas agora, sinto exactamente o mesmo quando cozinho, quando sinto as massas coladas às maos, quando cheiro e provo os molhos e recheios, quando parto vegetais em quadrados minúsculos, quando fervo frascos, quando colho frutas e legumes, quando barro manteiga no pão acabado de sair do forno. Sinto que isso acalma o meu pensamento e o meu coração. Sinto que preciso disso para aguentar e seguir em frente.
Gosto do ritmo caótico e desordenado da cozinha. Gosto de barafustar com as mil coisas que tenho de fazer ao mesmo tempo. Grito e reclamo e depois rio-me quando me queimo, quando salpico tudo, quando a bancada é um mar de molho, ou de caramelo, ou de creme de pasteleiro. Gosto quando o chocolate salta e me sujo toda. Gosto simplesmente.
Gosto de gastar mil e um tachos e taças, de usar todos os garfos e colheres de pau, de atafulhar o fogão. Gosto deste caos. Sinto-me bem neste caos, a esta velocidade, ora lenta, ora frenética; gosto de no fim parar e apreciar somente.
Gosto do cansaço que precede tudo.
Este ano que tem decorrido, tem sido um dos mais amargos da minha vida, mas cozinhar tem-me ajudado a ajustar tudo,a adoçar tudo, a tornar tudo menos penoso e menos escorregadio.
E nesses momentos, intensos, quase decadentes, em que está tudo de pernas pro ar e eu não sei para que lado me virar, entre mexer um creme, desligar o forno e bater um merengue, eu sou puramente feliz.
Resta-me pois segurar bem esses momentos, traduzi-los no melhor que for capaz e continuar a ter fé e a aprender.
Sinto que isto é apenas o inicio de uma bela e longa jornada. E eu sinto que estou preparada para respirar e começar a caminhar.
Finalmente.


Choux recheados com creme de pasteleiro e cobertos com caramelo

Ingredientes:
Massa de Choux:
-160 gr de Farinha T65
-100 gr de manteiga
- 1 colher se chá de sal
-2 colheres de chá de açucar
-4 ovos
-250 gr de água

Creme de pasteleiro(como eu o faço):
-250ml de leite
-150 gr de açucar
-3/4 colheres de farinha Maisena
-4 gemas
-casca de um limão
-1 pau de canela

Caramelo:
-1 chavena de chá de Açucar
-meia chavena de chá de agua quente

Procedimento:
Num tacho colocar a água, a manteiga, a farinha e o açúcar. Levar ao lume até a manteiga derreter e o sal e o açúcar dissolverem. De seguida juntar a farinha e mexer bem de modo a que os ingredientes se misturem e a massa descole das paredes do tacho.
Deixar arrefecer um pouco, bater e juntar um ovo de cada vez até que a massa adquira um tom amarelo (relativamente forte).
Aquecer o forno a 180º.
Colocar a massa num saco de pasteleiro e fazer pequenas bolinhas num tabuleiro com fundo coberto com papel vegetal.
A massa é bastante moldável, pelo que se não tiver saco de pasteleiro pode perfeitamente colocar as bolinhas com uma colher ou até moldá-las com a própria mão que ela não agarra.
Levar o tabuleiro ao forno e baixar a temperatura para 170/160º. Deixar cozer durante 30/40 min. até as bolinhas de choux ficarem douradas. Deixar arrefecer no forno. Entretanto pode fazer o creme de pasteleiro.
Leve ao lume o leite, com o pau de canela e a casca do limão e deixe ferver. Numa taça junte a farinha e o açúcar e noutra taça bata os ovos. Quando o leite ferver retire as cascas e o pau de canela e junte a mistura de açúcar com a farinha. De seguida envolva os ovos batidos e mexa sempre em lume brando até espessar.
Deixe arrefecer.
Quando o creme estiver morno ou frio, com o bico mais fino do saco de pasteleiro ( ou uma seringa como eu usei) faça um pequeno orificio nas bolinhas e recheie com creme. Por fim faça o caramelo. Leve o açúcar num tacho ao fogão até que este derreta e fique em ponto caramelo ( castanho escuro). De seguida junte pouco a pouco a  água quente. É possível que se forme uma espuma. Não se preocupe é normal. Mexa sempre até dissolver bem e o caramelo espessar um pouco. Retire do fogão. Molhe cada bolinha de Choux no caramelo e coloque as bolinhas num prato. Pode acompanhar com o restante creme.

Os recheios das bolinhas Choux pode variar, entre creme pasteleiro, gelado, chantili, natas, mousse de chocolate, bem como a sua cobertura: caramelo, ganache, açúcar em pó ou fios de ovos. É só puxar pela imaginação e jogar com os ingredientes que se tem em casa.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Os prazeres simples e honestos da vida.

Um dia perguntaram-me o que me fazia feliz.
E eu não precisei de pensar muito... eu sei o que me faz feliz! as coisas simples  e genuínas.
Mas essas, tem-me mostrado a vida e as próprias pessoas, são as coisas mais difíceis de alcançar.
No que diz respeito à comida, e já dizia a Julia Child, as coisas não tem de ser complicadas ou demasiado elaboradas. O que se pretende para quem ama a cozinha é comida simples e honesta feita com ingredientes frescos e de qualidade.
O que eu quero na cozinha, é o que eu quero para a vida.
E quando penso nisso nada me parece mais simples e mais honesto do que uma fatia de pão morno e uma caneca fumegante de café.
Se a vida fosse só isso, eu seria perfeitamente feliz. Quiçá um dia...

Pão de trigo e centeio e Focaccia de Olivas (azeitonas) e Pancetta ( Bacon)

Para o pão:

-1,5 kg de farinha de trigo
-1 kg de farinha de centeio
- fermento  de padeiro
-1 colher de manteiga
-4 colheres de açúcar
-1 pitada de sal
-Água morna
-5 ovos

As medidas são um pouco a olho. A minha tia que já tem anos nisto de fazer pão é que vai ajudando com as medidas (a olho=)). Quando lhe pedi as medidas ela disse-me:" oh rapariga, isto é a olho. O que vale é ter umas boas mãos e um coração quente".

Preparação:

A primeira coisa a fazer é amassar o fermento com um pouco de farinha e agua morna e deixá-lo crescer até ao dobro.
quando o fermento "dobrou" é hora de fazer e amassar o pão. Numa taça grande colocar a farinha, fazer um buraco no meio e colocar lá todos os ingredientes, bem como o fermento amassado. Amassar e enrolar a massa até estar tudo envolvido. Tapar a taça com um pano e reservar até a massa levedar até ao dobro.
Entretanto enquanto se aguarda pode-se aquecer o forno. Nós usamos forno a lenha, o que até atribui uma cor mais bonita e um melhor sabor ao pão.
quando o forno tá quente, é necessário polvilhar a superfície onde se vai trabalhar e moldar o pão com bastante farinha. Podem moldá-lo redondo, em cacete, grande, pequeno, ao vosso gosto. Quando estiver pronto, basta polvilhar um tabuleiro com farinha, colocar o pão e levar ao forno.
quanto ao tempo de cozedura, este varia de forno para forno e é necessário ir controlando através da cor e de um palito grande.
O pão cozido normalmente tem um tom castanho dourado, cheiro intenso e o palito depois de retirado não trás massa agarrada. No nosso forno são cerca de 25 minutos.

Focaccia:

-Azeitonas descaroçadas e previamente laminadas
-azeite
-Bacon

Para a Focaccia usamos a mesma massa do pão,embora haja mesmo receita para a massa de focaccia de colocarei no fim. A massa foi estendida em todo o comprimento de um tabuleiro, com uma folha de papel vegetal por baixo, untada com azeite em toda a sua extensão e foram feitos os buracos característicos deste pão. De seguida colocou-se sobre o pão as azeitonas ás rodelas e o Bacon. Levou-se cerca de 20 minutos ao forno e Puf! Ficou Molto buono! Basta acompanhar com uma salada e tem uma refeição fácil, diferente e ligeira.
Ou devo dizer simples e honesta?


Ingredientes para 1 focaccia:

-500gr de farinha de trigo

-1 saqueta de levedura seca 
-315 ml de água morna
-15 gr de sal
-15 gr de açúcar
-azeite q.b.
-pimenta
-flôr de sal


Os procedimentos são idênticos.


                                                              


sábado, 18 de agosto de 2012

dos amores pelos sabores ao compo(r)tamento

Compotamento: Acto ou efeito de compotar, ou seja fazer compota.
Concordam?
Hoje compo(r)tei bem... ou pelo menos tentei.
Hoje foi um dia árduo e longo, pelo que pedia que eu o adoça-se com algo.
Logo pela manhã saiu-me uma compota (que ficou suberba) de morangos e amoras silvestres. Seguiu-se uma tarte requerida pelo meu irmão, com natas, massa de bolacha e flambé de morangos e no fim do dia, desta vez a pedido de todos, uma lasanha com pasta fresca.
Vamos a ver como nos sai o jantar de sabores.
Resta-me esperar por amanhã e continuar a compo(r)ta-me bem nesta nova aventura.

Compota de morangos e amoras silvestres

Ingredientes:
-800 gr de fruta (morangos e amoras)
-600 gr de açucar ( fiz as contas e fiz metade adoçante, metade açúcar e ficou bom)
-2 colheres de chá de essência de baunilha.
- sumo de 1 limão

Procedimento:
Levar tudo num tacho a lume brando, até ferver. Ir mexendo com a colher de pau. inicialmente fica uma mistura liquida que vai espessando. Quando se verificar que começa a espessar ir experimentando num prato até formar ponto de estrada.
Retirar do lume e colocar em frasco hermético. Conservar num local fresco e seco.
esta compota é óptima por exemplo para fazer tarteletes.

Tarte de natas e morangos flambé

Ingredientes:

Base:
-1 pacote de bolacha Maria
-200 gr de manteiga amolecida

Creme:
-2 colheres de chá de essência de baunilha
-2 pacotes de natas
-100 ml de leite
-3 folhas de gelatina
-90 gr de açúcar

Flambé:
-morangos
-2 colheres de sopa de açúcar
-1 colher de sopa de manteiga
- rum ( eu usei Favaios e ficou bom)

Procedimento:
Colocar as bolachas e a manteiga derretida na trituradora e misturar tudo.
Forrar com a massa o fundo da tarteira e espalhar bem a massa até ao limite da tarteira. Reservar.
Num tacho colocar as natas, o leite, a essência de baunilha e o açúcar, e antes de ferver desligar e adicionar as folhas de gelatina já demolhadas e escorridas. Mexer bem para incorporar.
Adicionar o preparado à base de bolacha e levar ao frigorífico por 3 horas.
Para fazer o flambé basta derreter numa frigideira anti-aderente a manteiga, adicionar o açúcar e os morangos lavados e laminados e deixar cozinhar.De seguida acrescentar o Favaios ( eu usei cerca de  um cálice pequeno)  e deixar flambear até o álcool evaporar. Deixar arrefecer e deitar sobre o creme da tarte. Levar ao frigorífico até servir.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

é assim a vida amor(a).

Dizem que encontramos as melhores coisas da vida quando menos esperamos e conhecemos as pessoas mais importantes nos locais mais improváveis.
A minha vida tem sido um caos desordenado, neste estranho ano bissexto. As leis de Murphy têm actuado como se prevê que actuem, e eu tenho tentado pacientemente, não antecipá-las, mas digeri-las.Mas ás vezes é mais fácil digerir a vida, quando há alguma coisa doce com que contornar as amarguras de cada dia.A  mim calhou-me uma estrada ladeada de silvas. Que desgraça. Já não chegam as que tem o coração, ainda temos de lidar com as do caminho que fazemos, de manhã cedo, com vista a espairecer a mente.Pois, mas tal como na vida, sem silvas não há amoras e sem amoras não há compota.Gostei desta descoberta. Gostei tanto que andei todo o restante dia a ansiar pela manhã enevoada para ir lançar-me às silvas! Literalmente! arranhei-me, cortei-me, esfolei-me e enlameei-me mas no final tinha o meu tesouro! uma taça enorme cheia de amoras para fazer a minha compota. Será o meu coração a pedir Inverno? não sei... mas ele falou, e eu obedeci fazendo-lhe a (ben)dita compota. Para quem não sabe eu adoro compotas. Desde criança que sou puramente básica e só como queijo fresco (ou primos deste) e compota ou marmelada. Queijo e fiambre não são muito chegados à minha alma e aos meus gostos.Mas compotas? até à colherada as como. E esta saiu-me bem. Primeiro espessa, depois mais fluída, depois perfeita.Mas eu não queria fazer um prazer solitário e decidi que a melhor pretendente a casar com a minha compota de amoras silvestres seria uma Panna Cotta simples.Ora a compota chegou primeira, vermelhinha e doce e teve de esperar 3 horas pela companheira pálida. A junção das duas foi um casamento perfeito entre o que é simples e honesto. Até os mais esquisitos pediram Bis! E eu sorri. Feliz, porque naquele momento eu entendi que através das silvas da minha vida, eu serei capaz de juntar coisas boas a coisas honestas e criar algo único e fantástico.

Panna Cotta Simples

Ingredientes:
-3 folhas de gelatina
-5 decilitros de natas (ou uma mistura de natas e leite)
-90 gramas de açúcar

Preparação:Colocar as folhas de gelatina de molho em água fria durante 5 minutos. Aqueçer as natas com o açúcar e  quando estiver quase a ferver desligar o lume e acrescentar as folhas de gelatinas bem espremidas, mexendo até dissolver.Deitar a  panna cotta em forminhas individuais e levar ao frigorífico pelo menos durante 3 horas.Antes de servir desenformar cuidadosamente a panna cotta, mergulhando  o fundo das forminhas alguns segundos em água quente, e decorar a gosto.


Compota de Amoras silvestres

 Ingredientes:
-1kg de amoras silvestres
-Cerca de 850 gr. de açúcar
-Um pouco de água
-1 pau de canela( opcional)
-Sumo de 1 limão

Preparação:
Colocar tudo num tacho e levar ao lume. Inicialmente a mistura é fluida, mas depois começa a espessar. É necessário que o processo ocorra sempre em lume brando e que se vá mexendo com uma colher de pau. Quando a compota começar a engrossar, ir experimentando num prato até formar ponto estrada (quando de passa uma colher a compota separa-se formando uma estrada). Se já tiver passado este ponto e estiver muito espessa basta juntar um pouco de água ( não necessita acrescentar mais açúcar) e deixar ferver. Mal ferva, desligue. Depois de fria a consistência tende a ser maior.Coloque em frascos herméticos e deixe arrefecer antes de fechar. Guardar no frigorífico ajuda a conservar por mais tempo.



terça-feira, 14 de agosto de 2012

O dia de Janeiro em que comi a tal laranja...



Não sei se era mesmo Janeiro, mas sei que  estava frio, mesmo muito frio.
Aquele frio que se entranha e se espalha por todo o corpo.
Sei que estava em casa, felpuda e quentinha, provavelmente a beber café quente e forte e a estudar.
Mas como o meu estudo tem horas incertas e pouco simpáticas de desconcentração, a coisa mais certa é ter divagado para outras paragens.
E foi nessas paragens, entre aromas de café e de um Inverno solarengo a entrar sorrateiro na janela e a bater-me na cara, que entre tudo o que poderia ser simples e descomplicado eu compreendi o que queria fazer para a vida.
Durante muito tempo adorei comer. Mas comia não pelo mesmo prazer de agora, mas por um outro prazer, açucarado e de rápida absorção, sem compreensão dos procedimentos ou dos proveitos que poderia usufruir de tal gesto.
Talvez por isso, e para que agora pudesse compreender tudo de uma forma diferente, mais tarde na minha vida ( embora ainda cedo, visto só ter 14 anos) entrei em guerra com a comida. Dissequei-a a calorias e gorduras e ás transformações horríveis  que ela produzia no meu corpo. Rejeitei-a, ignorei-a, odiei-a, esqueci-a, tirei-lhe todo o sabor e textura possível.
E vivi, assim, perdida, quase 8 anos.
Claro que as tréguas chegaram mais cedo, por volta dos meus vinte, mas ainda era um relação frágil e insossa, sem forma nem conteúdo. Não era perdão, era simplesmente conformidade: a aceitação de que tinha de comer para viver.
Quando é que tudo mudou?  Não foi nessa manhã fria, foi antes.
Foi mudando aos poucos. Mudou quando provei pela primeira vez comida asiática, ou italiana, ou mexicana.
Mudou quando começei a ajudar a preparar os doces do Natal, ou quando fui pela primeira vez ao Starbucks e bebi o melhor chocolate quente da minha vida com um maravilhoso cupcake.
De cada vez que comia um gelado de café, ou um crepe chinês ia mudando.
Mudei, quando por obrigação me vi deparada com ovos, farinha, açúcar e uma receita de bolo.
E assim, aos poucos comecei a apaixonar-me. E quando dei por mim já ansiava pelos pedidos da minha mãe para fazer as sobremesas, ou pelo requerimento da minha tia para ajudar com o pão.
Lembro-me de ir com o meu Padrinho comprar um fogão de lenha para ela (a tia) e de desejar profundamente ter um também para cozinhar coisas fabulosas e fantásticas. Ia ser o meu caldeirão de poções, a minha janela para saltar.
Aos poucos vi-me a fazer tartes atrás de tartes, a amassar massas, a ver a cozedura apropriada para as bolachas, a inventar recheios e a experimentar sabores e combinações, a pedir encarecidamente que me dessem livros de cozinha, a ansiar ir comer fora e provar novas coisas.
Vi-me a passar horas na cozinha a inventar, com uma frequência ao outro dia, porque tinha de ser. Porque não podia mais fugir a esta vontade estranha e entranhada.
Vi-me a desejar cozinhar para outros, a ver o prazer deles a comer os meus pratos, e a rirem-se desalmadamente da minha cara quando as coisas me corriam mal...porque as coisas às vezes correm-me MESMO muito mal.
Quero tanto fazer as coisas, que me esqueço de seguir as receitas apropriadamente, medir ingredientes, seguir passos. E no fim.. PUF, sai uma desgraça, que só compensa pelo prazer que me dá no processo.
Já não sei como mudar isto, e não quero mudar.
Desejo a possibilidade de poder fazer tudo o que quero, mesmo que o resultado final não seja o melhor. Tentarei e tentarei e tentarei até melhorar. Tenho uma vida inteira para aprender e praticar.
Fugi à questão da laranja e da súbita descoberta do que quero fazer? pois parece-me que sim.
Quanto à descoberta, basicamente decidi que um dia hei-de conseguir ter um negócio(zinho) meu, uma coisa simples que junte comida e livros, pois são a minha grande paixão.. e eu creio que fomos feitos para viver as nossas grandes paixões.
Quanto à laranja, é um segredo descoberto que não sei explicar. Nada me dá mais prazer do que comer uma laranja num dia frio. Uma laranja grande e doce. É estranho como uma coisa fria pode aquecer a alma mais do que qualquer fogueira.
É isso o que as laranjas me fazem. Aquecem-me a alma e fazem-me recordar do meu sonho.
Claro que não caminho só nesta aventura. Tenho tentado aprender as minhas lições através do exemplo dos que já andam nisto há mais tempo que eu  e que sem pretensões revelam aquilo que aprenderam e descobriram, como se fossem tesouros de tal forma preciosos e sublimes que tivessem de ser partilhados.
Ainda me falta muito, mas como já disse chegarei lá. Devagar. Como quem descasca uma laranja sumarenta  ao sol frio de Janeiro e se deixa ficar quieto a sentir o sumo espalhar calor no coração e sentido na vida.


Uma pessoa inspirada que me inspirou no meu percurso:Regina Gaspar